Muito se fala atualmente sobre tênis com placas de propulsão, mas esse interesse vem acompanhado de diversas dúvidas em relação ao seu uso. A mais importante: tênis com placa é bom para todo mundo?
Para quem não conhece, os tênis com placa de propulsão possuem na sua entressola placas feitas de materiais leves e rígidos — como o carbono, grafeno e nylon —, que prometem ajudar no desempenho dos atletas, contribuindo para os objetivos de correr mais rápido ou diminuir o esforço muscular durante a corrida.
Mas para entender mais sobre o assunto, é importante voltar um pouco no tempo.
Início dos tênis com placa de propulsão
Muita gente acha que a Nike inventou o tênis com placa de carbono. Mas não é a realidade. Sem tirar o mérito da Nike, muito antes do primeiro Vaporfly ter sido lançado, já havia experimentos com placas de carbono e outros materiais em tênis de corrida.
O mérito da Nike foi tirar da gaveta uma ideia antiga, que nunca tinha sido viável do ponto de vista tecnológico, e transformá-la em realidade — grande mérito, diga-se de passagem, afinal, boas ideias valem pouco se não forem seguidas de execução.
Surgimento do tênis Vaporfly
O primeiro Vaporfly foi construído com uma missão: fazer um maratonista muito rápido ser ainda mais rápido. O teste final era conseguir correr uma maratona em menos de 2 horas.
Apesar de não ter sido atingido na primeira tentativa, por apenas 26 segundos, o tênis se transformou em um sucesso comercial, pois, segundo uma matéria do New York Times seria capaz de melhorar em até 4% o rendimento de um atleta.
Nos anos seguintes, praticamente todas as marcas lançaram seus próprios produtos com placas de carbono ou nylon, em uma corrida contra o tempo para poder aproveitar essa nova categoria que a Nike acabou lançando.
Evolução dos tênis com placa de propulsão
Se naquela época o foco era fazer os atletas correrem ainda mais rápido, essa competição saudável entre as marcas acabou criando uma nova linha de produtos com placa, cujo foco era diferente: em vez de correr mais rápido,a ideia era correr com menor esforço muscular para que a recuperação pós-treino fosse mais rápida.
Para atletas que fazem vários treinos ao longo da semana, a recuperação depois de uma sessão de treino pode ser até mais importante do que o próprio treino. Dessa forma, recuperar mais rápido pode significar antecipar o próximo treino, de forma que ao longo do tempo seja possível se fazer mais sessões, ainda melhores.
Se por um lado a atual oferta de produtos com placa ficou muito maior, com produtos ainda melhores, por outro lado, a escolha do corredor amador ficou ainda mais complicada.
Há marcas com mais de 1 opção de tênis com placa. Para terem uma ideia, no momento em que escrevemos esse texto, a Velocità tem disponíveis 26 modelos com placas de propulsão, sendo 20 deles em carbono.
Na ótica da oferta, é possível dizer que há opções de tênis para grande parte dos corredores. Alguns na linha de correr “mais rápido”, outros no caminho de “correr com menos esforço”. Nesse ponto, mais importante que as características e materiais do tênis são os objetivos do corredor.
Afinal, tênis com placa é bom para todo mundo?
É mais importante saber como cada um se relaciona com a corrida do que se a placa é de carbono, grafeno ou nylon. Se é placa ou se é haste. O fato de seu companheiro de corrida usar um tênis com placa não deveria influenciar a sua escolha por usar este ou aquele modelo, e até mesmo usar ou não um tênis com placa.
Não nos julguem mal: tênis com placa de carbono são demais! Eles voltaram a colocar o tênis no centro das atenções. Mas é inegável que sozinhos não vão te entregar uma corrida em menos tempo ou com menor esforço.
Não vão substituir seus treinos de intensidade, nem seu trabalho de fortalecimento. Se sua lição de casa não está em dia, o tênis, com ou sem placa, não vai mudar sua vida.